segunda-feira, novembro 8

Hoje foi um dia não. Um dia não para tudo.

terça-feira, novembro 2

Dúvida

De facto, num cenário nacional (e mundial) de crise política, económica, social, de valores e tudo o mais, eu não querer saber mais, é grave? Faz de mim uma inconsciente? Eu já não aguento ver telejornais, ouvir conversas de café; a manicure que fala do FMI, e a esteticista que desmonta discursos incoerentes do Primeiro Ministro enquanto faz o seu trabalho. A funcionária da caixa do Pingo Doce que comenta que a crise vai piorar. Ouvir amigos economistas que falam do PIB, e tios que recordam com saudade a ditadura. A cada passo, cada lugar onde passo, vira o disco e toca algo do género. E cansa. Sou inconsciente ou fútil ou burra por preferir falar da colecção nova da Lanvin para a H&M? Porque em vez de comentar economia, estou contente porque vou ao Museu do Design no Chiado e ao Museu do Oriente, ambos que ainda não conheço... Porque estou a ler um novo livro fabuloso do Lobo Antunes enquanto dá o telejornal? Ou mudo de canal e vejo uma entrevista dele, como no sábado passado, e me deixa feliz, porque lê-lo, ouvi-lo é algo de fabuloso e prazeroso. E enquanto o ouço falar cheia de emoção, pinto as unhas com o novo verniz da Channel. Ouço breves resumos na TSF, e mudo para cd, após o resumo, e ouço jazz instrumental, porque me descontrai, ou música comercial que passe numa rádio qualquer. E canto alto dentro do meu carro, sem ferir os ouvidos de ninguém. Folheio jornais ou vejo tópicos do Público no Facebook. Mas basta... A informação circula e o pânico instala-se. Eu trabalho com desgraça, trabalho com a miséria humana e também com a tristeza dos outros. Fui eu que escolhi, eu sei. Mas não querer falar de desgraças durante um jantar, ou de dramas nacionais... ou...ou... Isso faz de mim o quê que eu não percebi?