domingo, abril 1

Arrepios

Estou no Rio de Janeiro.
Estou duplamente arrepiada! Porque os arrepios são as sensações mais espontâneas... É o sentir à flor da pele o que nos passa bem dentro do coração.

O Rio é lindo. O Rio é música. O Rio é verde e azul. O Rio é paixão. É quente. Em todos os sentidos. O Rio é exageradamente bonito, se isso é possível.
É uma cidade entalada no meio do mar e das montanhas. É uma cidade que os prédios são apagados por árvores verdes, de tonalidades de verdes que eu pensei não existir, é uma paleta de cores. As árvores abundam, árvores que nunca vi, com flores, com cheiro. Eu baptizei-a de "Rio-cidade-floresta". Não é à toa que dizem que foi o local onde Deus demorou mais a desenhar... acho que foi um poeta que o disse. Mais uma vez, aqui no Rio, eu quero ser poeta. Porque eu quero exprimir sensações em palavras, mas acho-me incapaz. Ou então o dicionário não tem palavras suficientes para traduzir as minhas emoções.
Eu ouço música por onde passa. Um senhor canta num lado, outro toca pandeireta e faz uns passos de dança noutro. Outro vende água de côco e a sua gargalhada é musical. Quem passa por mim sorri, cumprimenta, fala. À noite dançam, pela rua fora.
Eu vejo o nascer do sol todos os dias na praia, e vejo o por do sol, todos os dias, no mar, e fico melancólica.

O Rio arrepia.

O Rio também arrepia porque o Rio tem a pobreza mais miserável que eu já vi. Tem pobreza na rua, mostra a degradação humana. Não sabia que tinha tantas favelas. Tem favelas em qualquer parte. Tem favelas na zona norte e na zona sul. Tem favelas em Ipanema, no Leblon. Mesmo atrás dos bairros mais ricos da cidade. Tem favelas no início de qualquer montanha que se olhe. Deixa um sabor amargo no coração.

O Rio é lindo, e é feio ao mesmo tempo. Mas eu adoro o Rio, apesar de tudo o que ele mostra.

Porque o Rio de Janeiro é sincero.
Mas eu tenho saudades do meu Porto! Até já...