segunda-feira, maio 11

Tenho dó das estrelas

Tenho dó das estrelas Luzindo há tanto tempo, Há tanto tempo ... Tenho dó delas. Não haverá um cansaço Das coisas, De todas as coisas, Como das pernas ou de um braço? Um cansaço de existir, De ser, Só de ser, O ser triste brilhar ou sorrir ... Não haverá, enfim, Para as coisas que são, Não a morte, mas sim Uma outra espécie de fim, Ou uma grande razão Qualquer coisa assim Como um perdão? Boiam leves, desatentos, Meus pensamentos de mágoa, Como, no sono dos ventos, As algas, cabelos lentos Do corpo morto das águas. Boiam como folhas mortas, À tona de águas paradas. São coisas vestindo nadas, Pós remoinhando nas portas Das casas abandonadas. Sono de ser, sem remédio, Vestígio do que não foi, Leve mágoa, breve tédio, Não sei se pára, se flui; Não sei se existe ou se dói.

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